quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Minha única estrela vive

Só consigo localizar mais ou menos o seu foco. Assim, como também, a substância desta estrela não é orgânica: é feita de esplendor o qual tendo alcançado o mais alto grau de intensidade, imprime toda expressão de um rosto humano.

In: Arcano 17, André Breton

domingo, 18 de dezembro de 2011

Valete de 4

Bastões desabrocham entre as gramas, 
 um calice de agnose, 
uma jogada entre quatros postes

copas
baphomet
calice-se de medusa
o labrador está a beira


céu de moedas douradas
meus olhos alimentan teus dentes
negro calaveiro antande, pistas  de assalto
nesta manhã um largato vestido de salamandra uiva ou pé das orelhas.

e o fragor do sol aquece minha face.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Bacalhau de OpçÕES

Portifolio trepidado
suturas delirantes evadem a porta de meu estômago
ao pestanejar de falas
esbarradas em dois postes semi-cerrados de um federal governo


cigarras
nas taras da tarde, o kixikixi faz um convite

arranhas céus sem carniça
num mergulho da poça
cascalhos do oceano
meu bem são 2 da manha
e o "super outro" nos chama
vamos voar
a gravidade esta baixa

sobre o Santa Paula
Lediane espera seu remédio a 205 km/h

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

MUrilo Mendes, Presente!

O muro é um album em pé
politica poesia
desordem sonhos projetos
anseio e desabafo
Um coração atravessado por uma flecha
"Gravo aqui neste muro o amor de João Ventania por Madalena"
Datas de crime, de encontros e de idílios
VIVA O COMODISMO

Pedra úmida
altar frio imagens ignóbeis
flores de papel ímãs de moscas
Ó lugar triste e árido
O contrario do arco-íris
baixará Cristo aqui?
ele baixou num estabulo
baixou mesmo até em mim.

A dança di-POLO

As assas da estrela nua
que agora salpica na relva encandescente
faz pairar uma neblina que depura os buracos dos meus alvéolos pulmonares
estou nos ares e salto de pés atados
Nesta tarde eles escalaram as cabeças grandes das vespas

e as barras de meu código evadiram no asfalto.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

1924


O espírito de desmoralização ergueu domicílio, é com ele que tratamos sempre que há problema de relação com nossos semelhantes, mas se as portas estão sempre abertas sabeis que  não se  começa"agradecendo" às pessoas. De mais a mais, a solidão é vasta, não nos encontramos muito. Pois o essencial não é sermos senhores de nós mesmos, das mulheres, do amor também? 

Mas este castelo cujas honras lhe faço, tem ele certeza que seja uma viagem? E se não obstante, o palácio existisse? Meus hóspedes estão aí para responderem por isso; seu capricho é a estrada luminosa que aí conduz. Vivemos de fato à nossa fantasia, quando estamos lá. E como o que um faz poderia incomodar o outro, ali, ao abrigo da procura sentimental e dos encontros ocasionais? 

O homem põe e dispõe. Depende dele só pertencer-se por inteiro, isto é, manter em estado anárquico o bando cada vez mais medonho de seus desejos. A poesia ensina-lhe isso. Traz nela a perfeita compensação das misérias que padecemos. Ela pode ser também uma ordenadora, bastando que ao golpe de uma decepção menos íntima se tenha a idéia de tomá-la ao trágico. Venha o tempo quando ela decrete o fim do dinheiro e parta,  única, o pão do céu para a terra! Haverá ainda assembléias nas praças públicas, e movimentos dos quais não pensaste participar. Adeus seleções absurdas, sonhos de abismo, rivalidades, longas paciências, a evasão das estações, a ordem artificial das idéias, a rampa do perigo, tempo para tudo! Basta se Ter o trabalho de praticar a poesia. Não é a nós que compete, que já vivemos dela, o esforço de fazer prevalecer o que guardamos para nossa mais ampla inquietação? 

A verdade é que agora uma flecha indica a direção destes lugares e que alcançar a meta verdadeira só depende de resistência do viajante.

In: Manifesto Surrealista